quarta-feira, 8 de setembro de 2021

A valsa fascista no baile do 7 de setembro


por Gladstone Leonel Júnior
Brasil de Fato

O 7 de setembro de 2021 foi embalado por uma marcha Badenweiler própria na saudação a um líder, atualmente presidente, ritmada com discursos inflamados de ameaça às instituições e faixas de caráter antidemocrático. Infelizmente, algo corriqueiro no Brasil desde 2016.

O Fascismo é um termo forte que nos remete a um período de autoritarismo crescente entre guerras mundiais. Usá-lo hoje dá uma dimensão da gravidade do problema que enfrentamos, embora não haja mais tempo para eufemismos. As coisas devem levar o nome que realmente possuem, mesmo que o reconheçamos a partir dos seus indícios, como protofascismo. 

O Fascismo decorreu de um período de crise e descrédito do parlamento liberal, guardando alguma semelhança com o nosso contexto. Isso não quer dizer que todas as pessoas presentes ou que apoiem esses atos sejam, de fato, fascistas, mas são permissivas, em algumas situações cúmplices, e embaladas pela narrativa que marcou outros momentos da história e marca esse momento.

Algumas marcas servem para identificar elementos fascistas de ontem e hoje:

1. a organização disciplinada de massas, que se alimenta de conflitos constantes na sociedade e não se estabiliza como burocracia impessoal. Um governo que age em permanente desestabilização institucional para governar.

2. atua como um Estado dentro do Estado e não dissolve suas milícias, ao contrário, estimula política armamentista da população, diferindo assim da burguesia liberal que fortalece os meios de coerção do Estado.

3. busca alianças militares e se vale de práticas chauvinistas, ou seja, que partem de patriotismo fanático e agressivo.

4. se orienta na luta pelo poder, inclusive, por vias ilegais. Defende abertamente um poder forte e a liberdade de circulação do capital, de forma escancarada. Uma tentativa radical de manter as formas sociais capitalistas.

Alguns destes elementos, por mais atuais que sejam, foram levantados por um jurista chamado Pachukanis, entre os anos vinte e trinta do século passado, ao observar os caminhos do nazifascismo na Europa. No caso brasileiro, o caráter subordinado das relações e submisso das instituições poderia apontar o que Theotônio dos Santos tratou como fascismo dependente. A ações alucinadas e servis são tamanhas que uma instituição da República, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, hasteou uma bandeira do Brasil Império na data da independência em 2021.

Ignorar estes sinais é caminhar para uma tragédia anunciada e já vivenciada em outros momentos. Logo, é fundamental estar atentos e resistir coletivamente em todos os espaços, pois a tentativa bolsonarista de demonstrar força em uma data comemorativa revela também a fragilidade de um governo reprovado por quase 70% da população, que derrete nas pesquisas, não tem condições de governar em nenhuma área e o grito raivoso transformado em ato é um dos seus últimos recursos.

Não há mais tempo para hesitações, é hora de mudar essa “música” obscura atuando coletivamente, pautado de forma organizada com clareza ideológica e firmeza em um projeto popular e democrático para o Brasil.

= = =

Nenhum comentário:

Postar um comentário