domingo, 22 de agosto de 2021

A carta de Einstein alertando para o fascismo sionista em Israel


Einstein denunciou em 1948 o DNA fascista do sionismo

O caráter fascista de setores do sionismo, que ainda é a doutrina oficial do Estado de Israel, foi identificado em 1948 por Hannah Arendt, Albert Einstein e mais 22 judeus nova-iorquinos quando da visita de Menachem Begin à cidade dos Estados Unidos.

Eles enviaram ao editor do jornal New York Times carta denunciado o líder do Tnuat Haherut, “um partido político estreitamente assemelhado em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social ao nazista e a partidos fascistas”. O Tnuat Haherut (Partido da Liberdade) fundiu-se com outros partidos conservadores em 1973 para formar o Likud, hoje dirigido por Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, que comanda a atual chacina contra os palestinos.

O Tnuat Haherut foi organizado a partir do Irgun, grupo armado que ficou célebre também pela explosão, na cidade de Jerusalém, do hotel King David, em 1946. O atentado foi organizado por Menachem Begin, dirigente do Irgun, grupo armado fundado em 1931. Noventa e uma pessoas morreram, entre funcionários do governo inglês e seus familiares.

Menachem Begin foi primeiro-ministro de Israel de 20 de Junho de 1977 a 10 de Outubro de 1983. Desde então, nos últimos 37 anos, o Likud e o Kadima (dissidência ainda mais raivosa do Likud) têm se revezado no comando do Estado israelense. Neste período, somente em 7 anos os dois partidos perderam o poder para o Partido Trabalhista. Foi num dos governos trabalhistas, o de Yitzhak Rabin, em 1993, que ocorreram os Acordos de Oslo. Mesmo assim, manchado pela nítida política de Israel e dos Estados Unidos (Noam Chomsky: Por que as “negociações” Israel-Palestina são uma farsa completa) de não aceitar os diretos reconhecidos internacionalmente aos palestinos.

Outras Bossas, 2014.

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Cartas ao Editor
New York Times
4 de dezembro de 1948


Aos editores do The New York Times:

Entre os fenômenos políticos mais perturbadores da nossa época, está o aparecimento, no recém-criado estado de Israel, do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido, na organização, nos métodos, na filosofia política e no apelo social, com os partidos nazis e fascistas. Formou-se a partir dos membros do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, de extrema-direita e chauvinista na Palestina.

A atual visita do líder deste partido, Menachem Begin, aos Estados Unidos, é obviamente calculada para dar a impressão do apoio americano ao seu partido nas próximas eleições israelenses e para cimentar os elos políticos com os elementos sionistas conservadores nos Estados Unidos. Vários americanos de reputação nacional emprestaram os seus nomes para dar as boas-vindas a esta visita. É inconcebível que os que se opõem ao fascismo, em todo o mundo, se é que estão corretamente informados quanto ao registro político e às perspectivas de Begin, possam juntar o seu nome e apoio ao movimento que ele representa.

Antes que haja prejuízos irreparáveis, com contribuições financeiras, manifestações públicas a favor de Begin, e a criação na Palestina da impressão de que há na América um grande segmento que apoia elementos fascistas em Israel, o público americano tem que ser informado quanto ao passado e quanto aos objetivos de Begin e do seu movimento. As declarações públicas do partido de Begin não são de forma alguma indicadoras do seu verdadeiro caráter. Agora falam de liberdade, de democracia e de anti-imperialismo, mas recentemente pregavam abertamente a doutrina do estado fascista. É pelas suas ações que o partido terrorista revela o seu verdadeiro caráter; pelas suas ações do passado podemos avaliar o que podemos esperar no futuro.

Ataque a uma aldeia árabe


Um exemplo chocante foi o seu comportamento na aldeia árabe de Deir Yassin. Esta aldeia, afastada das estradas principais e rodeada de terras judaicas, não tomou parte na guerra e até lutou contra grupos árabes que queriam utilizar a aldeia como sua base. A 9 de abril (The New York Times), bandos de terroristas atacaram esta aldeia pacífica, que não era um objetivo militar no conflito, mataram a maior parte dos seus habitantes – 240 homens, mulheres e crianças – e deixaram vivos alguns deles para os exibirem como cativos, pelas ruas de Jerusalém. A maior parte da comunidade judaica ficou horrorizada com esta proeza e a Agência Judaica enviou um telegrama de desculpas ao Rei Abdulah da Transjordânia. Mas os terroristas, longe de se envergonharem da sua ação, ficaram orgulhosos com este massacre, deram-lhe ampla publicidade e convidaram todos os correspondentes estrangeiros no país para verem as pilhas de cadáveres e o caos em Deir Yassin. O incidente de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade.

Na comunidade judaica, têm pregado uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Tal como outros partidos fascistas, têm sido usados para furar greves e estão apostados na destruição de sindicatos livres. Em vez destes, propõem sindicatos corporativos de modelo fascista italiano. Nos últimos anos de esporádica violência antibritânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reinado de terror na comunidade judaica palestina. Espancaram professores que falavam contra eles, abateram adultos a tiro por não deixarem que os filhos se juntassem a eles. Com métodos de gangsters, espancamentos, destruição de montras e roubos por toda a parte, os terroristas intimidaram a população e exigiram um pesado tributo.

A gente do Partido da Liberdade não tomou parte nas ações de construção da Palestina. Não reclamaram terras, não construíram colonatos, e só denegriram a atividade defensiva judaica. Os seus esforços para a imigração, amplamente publicitados, foram mínimos e dedicados sobretudo a dar entrada a compatriotas fascistas.


Contradições observadas

As contradições entre as afirmações ousadas que Begin e o seu partido andam a fazer, e o registro do seu comportamento passado na Palestina, não têm a marca de qualquer partido político vulgar. Têm o carimbo inconfundível dum partido fascista para quem o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos, igualmente) e a falsidade são os meios, e o objetivo é um “Estado Líder”.

À luz destas considerações, é imperativo que o nosso país tome conhecimento da verdade sobre Begin e o seu movimento. É tanto mais trágico quanto os líderes de topo do sionismo americano se recusaram a fazer campanha contra os esforços de Begin, e muito menos denunciar aos seus apaniguados os perigos para Israel do seu apoio a Begin.

Os abaixo-assinados utilizam, assim, este meio para apresentar publicamente alguns fatos relevantes, relativos a Begin e ao seu partido; e para apelar a todos os interessados que não apoiem esta manifestação tardia de fascismo.

Isidore Abramowitz
Hannah Arendt
Abraham Brick
Rabbi Jessurun Cardozo
Albert Einstein
Herman Eisen, M.D.
Hayim Fineman
M. Gallen, M.D.
H.H. Harris
Zelig S. Harris
Sidney Hook
Fred Karush
Bruria Kaufman
Irma L. Lindheim
Nachman Maisel
Seymour Melman
Myer D. Mendelson
M.D., Harry M. Oslinsky
Samuel Pitlick
Fritz Rohrlich
Louis P. Rocker
Ruth Sagis
Itzhak Sankowsky
I.J. Shoenberg
Samuel Shuman
M. Singer
Irma Wolfe
Stefan Wolf.


Nova Iorque, 2 de dezembro, 1948

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[0] Tradução da carta por Margarida Ferreira, Resistir.info. O original se encontra em “Albert Einstein’s 1948 letter to the NYT warning of zionist fascism in Israel”, Global Research.
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